Exercício da inspiração em quatro fotos de Brayan, cubano, em Havana. Escolher uma e, sob pressão, escrever um texto do qual não constasse uma única vez a palavrinha maldita: 'que'.
Era como assistir ao genérico de um filme de gringos. Ali estavam eles, em silêncio, observando a ilha a ficar irremediavelmente mais distante, levando com ela as poucas coisas cuja propriedade podiam reclamar. O chão debaixo dos pés era agora o seu maior pertence. Tinham-se uns aos outros, claro, mas isso era algo com o qual sempre contaram. Desde tenra idade, era aquela a sua família. Quatro irmãos cuja necessidade de se tornarem, ora mãe, ora pai, era ditada pelas circunstâncias. Circunstâncias estranhas, aquelas cujo epílogo pareciam estar agora a viver. E o prólogo? Na verdade, nenhum deles sabia ao certo qual a origem daquele acontecimento. Certa parecia ser a inevitabilidade daquela situação. Certo seria concluir onde estaria, uma vez mais, o seu destino. Felizmente tinham-se uns aos outros e, apesar de não saberem onde, nem como tudo aquilo iria terminar, sabiam: o seu destino estava prestes a ser escrito. A oito mãos, como sempre.
João Nunes Coelho
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